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Viva os nossos queridos mestres

Hoje é Dia do Professor, Fiel. Aquele abraço carinhoso naqueles profissionais que dedicam suas vidas a ensinar o próximo, seja em qual área for! E para homenageá-los neste dia tão especial escolhemos a história da professora de matemática do nosso vizinho, o Colégio Municipal Sérgio Buarque de Holanda, Ana Lúcia Oliveira Couto. Professora há 34 anos ela teve que se adaptar ao trabalho remoto e as dificuldades de dar aula online. 

Como descobriu que gostaria de dar aulas?
Venho de uma geração de professoras. Minha avó foi professora de Educação Física. Minha mãe foi uma excelente professora de Língua Portuguesa. Embora isso não determine nada, minha vocação surgiu desde minha infância. Sempre tive interesse em ensinar. Sempre foi um prazer ver uma pessoa aprender. Desde criança gostava de
montar uma sala de aula com bonecos onde ensinava. Lembro de uma vez, aos treze anos, que eu sumi de casa e minha mãe ficou muito preocupada. Tinha conhecido uma família e descobri que as crianças não sabiam ler. Me perdi no tempo e fiquei ensinando a elas o dia inteiro.

Há quanto tempo dá aulas?
Dou aulas desde o antigo 2º grau, quando era solicitada por minhas colegas de turma que não conseguiam entender com os professores. Fazíamos um grupo no refeitório e eu ensinava Física e Matemática a todas. Depois passei a dar aulas particulares. Tinha mais ou menos 20 alunos e dava aulas entre os intervalos das faculdades de Física e Engenharia Civil. Depois passei a dar aulas oficialmente na escola particular, já extinta, Colégio Curso Martins. Dou aulas oficialmente desde 1986.

Como foi se adaptar a pandemia? As aulas continuaram online?
Inicialmente muito assustador. Não sabíamos o que fazer e como fazer. As crianças, em sua maioria, não têm recursos para acesso às aulas online. Nós não tínhamos preparo para fazê-lo. Nos adaptamos, fizemos cursos online, mas os recursos físicos não chegaram. As crianças muitas vezes têm um único celular para acesso às aulas. Obsoletos ou com problemas, esses aparelhos dificultam o processo. Mesmo assim tenho dado aulas de Matemática a todas as séries e aos alunos interessados e com condições para isso. Preparo Power Points das aulas, fazendo todos os movimentos quadro a quadro como se fosse uma escrita em sala. É bem trabalhoso … Mas funciona! A maioria dos alunos prefere até esse tipo de aula pois dizem que conseguem se concentrar melhor. Explico e deixo as aulas gravadas. Muitos deles retornam à explicação quando têm dúvidas. Passo exercícios e os corrijo no mesmo processo. Não tenho quadro nem caneta, mas tenho o Power Point e a vontade.

Quais foram e quais são os maiores desafios na sua carreira?
Acho que o maior desafio é o convencimento. Precisamos parar de barganhar não a nota. Devemos convencer aos responsáveis e alunos que é importante estudar e aplicar o que se aprende, senão nada faz sentido. Motivação eu sempre tive, mas gostaria de ter uma escola com mais recursos, com mais auxílio. A escola de um determinado lugar deveria ser abraçada pelo grupo onde se localiza. Nossas crianças precisam de apoio, precisam de um lugar belo para
estudar, precisam amar esse lugar, se sentirem pertencentes a ele e gostar do que observam.
O professor precisa de tempo para estudar. Descobrir novas tecnologias e poder aplicá-las, mas precisa de apoio para que isso se concretize. Se trabalha o dia inteiro e muitas vezes à noite para ter um salário razoável, como vai estudar?

O que significa dar aulas pra você?
TUDO. Vivo e respiro ensinar. Na escola, sempre que me solicitam, eu paro o que estou fazendo na coordenação e ensino. Sou movida aos “Ahhh …!” e “Entendi!” das crianças, como meus filhos dizem: “as MINHAS crianças!”. Esse suspiro de aprendizagem traz uma alegria enorme ao meu coração. Mesmo que me aposente, continuarei ajudando dando aulas para quem assim o desejar e precisar.

Quais são suas Perspectivas para os próximos meses e os próximos anos?
Os próximos meses serão bem difíceis … Principalmente na escola pública. Enquanto não houver vacina contra a Covid, estaremos com sérios problemas. Se os alunos não receberem tablets e internet gratuita, esse ensino online sempre será falho. Estudar numa tela de celular é um processo de muita resistência. Não é para todos. Se o poder público não providenciar esses recursos para os alunos carentes, não teremos um ensino de verdade. Aulas  presenciais parciais não serão suficientes. Precisamos de tempo para recuperar o conteúdo. Não sei como isso será feito. A única coisa que sei é que sempre farei o melhor possível. Para os próximos anos, tudo dependerá do que o poder público fizer fisicamente e determinar legalmente. Precisamos da conscientização de todos: alunos,  responsáveis, professores e poder público.

Descreva um momento bom é um momento ruim da sua carreira.
Tenho momentos bons todos os dias, quando vejo uma criança aprender. Não preciso de mais nada. Quando vejo que um aluno percebeu a importância de aprender, desvinculada do resultado de uma nota, eu digo que consegui mudar algo no mundo. Os momentos ruins são quando vejo uma criança desmotivada, um pai desinteressado e o descaso com a educação. Mas, o pior momento é quando vejo que perdi um aluno para o tráfico de drogas. Que não conseguimos resgatá-lo. É muito triste!

Qual mensagem deixa para os alunos no dia de hoje.
‘Minhas crianças’: “Na vida, tudo pode ser tirado de você, menos o seu conhecimento. Esse, foi construído por você, será levado com você para sempre. Aprenda, aprenda tudo que puder, e leve isso para ser aplicado na sua vida. Nunca deixe ninguém dizer que os seus sonhos não podem ser atingidos. Só você sabe o seu potencial!”.

Qual mensagem deixa para os seus colegas de profissão?
‘Caros colegas”: “Ensinar é um sacerdócio, uma missão! Temos problemas para executar esse processo? Sim, com certeza! Muitos! Mas não desistamos nunca, lutemos com a sabedoria de quem percebe o quanto isso é importante. Não desanimem! Resistam! E lembrem sempre da felicidade que é ensinar e amar essas crianças!”.

Como vc avalia a profissão de professor no Brasil atualmente?
É uma profissão de resistência, de luta e de desejo. Quem quer faz, não espera acontecer. Vemos locais paupérrimos e carentes onde os professores lutam para atingir um objetivo. Salários baixos, recursos poucos, auxílio quase  nenhum. Mas como disse anteriormente, não podemos desistir. Precisamos lutar para conseguir o nosso objetivo:
crianças felizes, interessadas, aprendendo e amando a escola.

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